jueves, 2 de marzo de 2017

Homem: não seja!

O lero lero era dos mais incríveis. Principalmente dos filmes que nunca tinha feito. Aquele, que lembrava um Almodóvar tropical era dos mais marcantes. Azul profundo, que nem o restaurante japonês da Avenida Libertador. 
Mas nada chegaria perto daquela vez que tinha deixado tudo para viver de uma pousada em Morro de São Paulo, sua loirice e todo o conforto trocados por uma reles rede naquela ilha bendita.
As poesias se juntavam aos montes no quarto que dividia com mais dois irmãos naquele barracão do bairro Paraíso. Sim, era um artista incompreendido, mas artista em fim. Já tinha tido todas as experiências sexuais possíveis. Ah, sim, mas dar o cu, que nem os amigos da sua geração, não tinha rolado, ele amava as mulheres. Claro, teve aquela vez em que confundiu o travesti com uma delas, mas nem conta, né? Todas já tinha comido na sua bem sucedida fábrica de cachorros-quentes, nunca ninguém tinha vendido tanto sanduíche no bairro. Surubas, com e sem aditivos, regadas a álcool e manjericão.
Sim, também tinha fabricado joias finíssimas naquela época dos hippies, mas nem só isso, tinha vendido antes brinquinhos de arame num paninho estendido nas ruas de Ouro Preto.
Com aquela barbinha ruiva se gavava até de ter algum transtorno psíquico, quem sabe esquizofrenia? Cabeça raspada, professor de reiki, tinha até novo nome e prometia uma vida sem emoções negativas. 
Mas era tão compreensivo com elas, a vida tinha lhe ensinado que precisava fazê-las gozar. Ah, não, é no Brasil que existe isso de que os homens são ensinados a agradar as mulheres, né? Nada mais íntimo do que o parceiro se masturbar na frente do outro, claro, principalmente na intimidade de um terceiro encontro fortuito, tudo a ver. Realmente uma vida e tanto, tantos livros, mulheres, e filmes! As casas, as viagens, os esportes, os filhos. 
Homem: não seja, por um momento pare de lorotar e olhe pra ela. Perceba o que ela tem a lhe dizer, que pode até ser sem palavras. Talvez ela não queira gozar. Quiçá o segredo esteja naquela dobra do lado direito, aquela da covinha que você nem notou. Ela poderia gostar que percebesse que quando diz certas palavras, nas suas mirabolantes histórias, e que ela ouve, sim, saem faíscas dos seus olhos. Ou que aquele cheiro de córrego que invade o ambiente é do corpo dela quando está desfrutando de uma carícia. Não, mas seus achismos não lhe permitirão, homem. Acha que ela quer performance? Longe! Detenha-se um instante e repare.
Só.

De Julieta Sueldo Boedo

domingo, 27 de diciembre de 2015

Inspiração

A língua, que poderia ser a sua, roça, quase sem tocar, o bico do meu seio. Ele, firme, duro, só goza e nada mais quer.


A língua, que sim é a minha, se passeia nos meus lábios e desfruta, mais uma vez.



Inspiración

La lengua, que podría ser la tuya, roza mi pezón casi sin tocarlo, que duro y firme, goza y no quiere nada más.


La lengua, que sí es la mía, se pasea por mis labios y disfruta, una vez más.


De Julieta Sueldo Boedo

miércoles, 16 de octubre de 2013

Versão brasileira: Eu não sou puta

No soy puta

Hoy estoy lista
Cada detalle para vos
Uñas azules color perrito (un día lo entenderás)
Un triángulo, mientras lo demás como un bebé
El pelo y el anillo/la pulsera de flor
El palpitar de fuego
Todo impoluto
Intocado y un perfume a arroyo

No, hoy no estabas...

Entonces mañana sí
Seré cara, muy cara
Me tendrás que convencer
Seguirán las uñas
Y la flor en el pelo y en el dedo
Y mi flor impoluta y suave
Pero mañana...

No será tuyo
Tenés que pagar
No, no soy puta

De Julieta Sueldo Boedo

Eu não sou puta

Hoje estou pronta
Cada detalhe para você
As unhas azuis cor cachorrinho (um dia você vai entender)
Um triângulo, enquanto o resto igual bebê
O cabelo e o anel/a pulseira de flor
O palpitar de fogo
Tudo impoluto
Intocado e um perfume de córrego

Não, hoje você não estava...

Então, amanhã sim
Vou ficar cara, muito cara
Você vai ter que me convencer
As unhas continuarão ali
E a flor no cabelo e no dedo
E a minha flor impoluta e suave
Mas amanhã...

Não vai ser seu
Você vai ter que pagar
Não, eu não sou puta

De Julieta Sueldo Boedo

viernes, 11 de octubre de 2013

No soy puta

Hoy estoy lista
Cada detalle para vos
Uñas azules color perrito (un día lo entenderás)
Un triángulo, mientras lo demás como un bebé
El pelo y el anillo/la pulsera de flor
El palpitar de fuego
Todo impoluto
Intocado y un perfume a arroyo

No, hoy no estabas...

Entonces mañana sí
Seré cara, muy cara
Me tendrás que convencer
Seguirán las uñas
Y la flor en el pelo y en el dedo
Y mi flor impoluta y suave
Pero mañana...

No será tuyo
Tenés que pagar
No, no soy puta

De Julieta Sueldo Boedo



miércoles, 9 de octubre de 2013

Sin límites

¿Te habrás ido?
Te fuiste
Mar infinito
Horizonte sin fin
Espacio sin tiempo
No hay hilos
No hay palabras
No hubo despedida
¿Dónde está la soga?
Y la puerta, la pared, 
la cama...
Lugar de descanso no hay
Ausencias
-Para papá-
(de Julieta Sueldo Boedo)
Arraial D'Ajuda, en algún lugar camino a Trancoso en el lejano enero de 1986

viernes, 4 de octubre de 2013




Amor, te quiero
Mi amor, te extraño
Amor, te deseo
Mi amor, ¿sos?
Amor, ¿vos?

De Julieta Sueldo Boedo

domingo, 29 de septiembre de 2013

Soul

Poema a mim dedicado pela queridíssima amiga Josete Mitre, escrito em 8 de agosto de 1999. Com todo o meu carinho o compartilho com vocês!  

Naquela época, o poema chegou com uma dedicatória mais do que especial depois de uma daquelas crises avassaladoras. Dizia assim: "Julieta, seja bem-vinda à vida!"

Soul

miúda estrela
sou
de modesto brilho
de perigosa fragilidade
a desvendar insinuante caminho
sem bússola nem ampulheta

miúda estrela
sou
agraciada com a liberdade estupenda
de miúda estrela ser
e vulneravelmente me mover
sem bússola nem ampulheta
contando apenas com a impressão
de que talvez subentenda
o que venha a ser
não ter início e viajar sem fim


¡Gracias Josete querida!